Títulos Corporativos: Perspectiva para o Meio de 2025

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  • 14, Jul, 2025

Continuamos sugerindo uma preferência por títulos de renda fixa de maior qualidade no curto prazo, mas os investidores ainda podem considerar, com moderação, algumas partes mais arriscadas do mercado de renda fixa.


 

O desempenho dos títulos corporativos tem sido misto até agora em 2025. Apesar das incertezas e preocupações com um possível crescimento mais lento, os títulos de alto rendimento (high yield) superaram, em geral, os títulos do Tesouro dos EUA no primeiro semestre do ano, impulsionados por cupons mais altos e spreads reduzidos. Já os títulos corporativos com grau de investimento mal superaram os Treasuries, enquanto os papéis preferenciais ficaram atrás.

 

Títulos corporativos de alto rendimento têm se saído relativamente bem em 2025

Fonte: Bloomberg. Retornos totais de 31/12/2022 a 24/06/2025.

 

Acreditamos que os retornos excedentes (acima dos Treasuries comparáveis) podem ser limitados devido às avaliações elevadas. O rendimento adicional que ativos de menor rating oferecem em relação aos de maior qualidade de crédito está muito baixo, o que torna mais difícil justificar seu desempenho superior.

Seguimos favorecendo títulos de grau de investimento e sugerimos que, para quem quiser buscar rendimentos mais altos, que o faça com moderação.

 


Fundamentos estão se enfraquecendo

No início de 2025, as empresas americanas estavam, em geral, em boa forma. Embora houvesse pontos fracos entre empresas altamente alavancadas e com rating baixo, o cenário geral era sólido — mas isso está mudando.

Os lucros corporativos caíram 2,9% no primeiro trimestre, maior queda desde o 4º trimestre de 2020. Ainda assim, o nível permanece alto: segundo o BEA, os lucros antes dos impostos chegaram a US$ 3,9 trilhões, contra US$ 2,9 trilhões no 4T de 2019.

Também houve deterioração nos balanços corporativos. A relação entre ativos líquidos e passivos de curto prazo caiu para 90% no 1T25, contra 95% no fim de 2024. Mais relevante: o dado de 4T24 foi revisado para baixo de 104% para 95%.

 

Lucros corporativos caíram no primeiro trimestre

Fonte: Bloomberg, com dados do relatório "Z1 Financial Accounts of the United States" do Federal Reserve, usando dados trimestrais do 1T 2025.

 

A relação entre ativos líquidos corporativos e passivos de curto prazo diminuiu no primeiro trimestre

Fonte: Bloomberg com dados do relatório "Z1 Financial Accounts of the United States" do Federal Reserve, usando dados trimestrais do 1T 2025.

 


Títulos corporativos investment-grade

Esses títulos seguem atrativos por seus altos rendimentos absolutos. Apesar da piora nos fundamentos, empresas com grau de investimento tendem a ter modelos de negócio diversificados, fluxo de caixa estável e baixa alavancagem.

Embora os yields estejam elevados, os spreads estão baixos — mas isso não preocupa muito, pois acreditamos que essas empresas suportariam um crescimento mais lento da economia.

  • O yield médio desses títulos (Bloomberg US Corporate Bond Index) está entre 4,75% e 6,5% desde o final de 2022 — bem acima do período pós-crise de 2008/09.
  • Em 20/06/2025, o spread ajustado por opções era de apenas 85 pontos-base (0,85%), com 4,35% do yield vindo dos Treasuries e apenas 0,85% como prêmio de risco.

 

Os rendimentos dos títulos corporativos com grau de investimento ainda parecem atrativos, mas os spreads permanecem baixos

Fonte: Bloomberg, usando dados semanais de 20/06/2025.

 

Títulos corporativos flutuantes — cujos cupons seguem uma taxa de referência (geralmente o SOFR) — podem fazer sentido neste ambiente.

Com a expectativa de cortes de juros sendo reduzida, esses títulos provavelmente não verão uma queda relevante nas taxas de cupom, mantendo sua atratividade.

  • O yield médio dos flutuantes e dos títulos corporativos intermediários de taxa fixa está em torno de 4,9% (em 20/06/2025).
  • Desde o início dos cortes do Fed, em setembro de 2024, os flutuantes superaram os corporativos intermediários fixos com menor volatilidade.
     

Títulos flutuantes oferecem atualmente rendimentos semelhantes aos dos títulos corporativos de taxa fixa de médio prazo

Fonte: Bloomberg, usando dados semanais de 20/06/2025.

 

Títulos flutuantes superaram as empresas de médio prazo desde que o Fed começou a cortar as taxas

Fonte: Bloomberg, usando dados diários de 17/09/2024 a 20/06/2025.

 


Títulos corporativos de alto rendimento (high yield)

Os spreads estão novamente baixos. Em 20/06, o spread médio ajustado por opções era de apenas 2,99% — valor que esteve abaixo disso apenas 10% do tempo nos últimos 15 anos.

  • Spreads baixos significam menos margem de segurança diante de riscos econômicos.
  • Historicamente, quando os spreads estão em 3% ou menos, os high yield superaram os Treasuries apenas 30% das vezes em janelas de 12 meses. Quando acima de 5%, o índice superou os Treasuries em 93% das vezes.

 

Quando os spreads são de 3% ou menos, o desempenho superior tem sido relativamente raro

Fonte: Bloomberg, usando dados diários de 20/06/2005 a 20/06/2025.

 

Apesar do bom desempenho em 2025, há sinais de fragilidade. As taxas de default seguem elevadas: segundo a S&P, a taxa anualizada de defaults de títulos sub-investimento está acima de 4% há 20 meses. Espera-se queda para 4% até março de 2026.

Dado o risco elevado e os spreads baixos, a visão atual é "neutra com cautela". Ainda assim, yields acima de 7% tornam os high yield interessantes para investidores dispostos a tolerar volatilidade. Taticamente, seriam mais atrativos com spreads entre 4,5% e 5%.

 


Títulos preferenciais (preferred securities)

Os preços se recuperaram das mínimas de abril de 2025. Esses papéis têm características híbridas (ações + dívida) e são sensíveis tanto ao mercado de ações quanto ao de títulos.

  • Atualmente, os yields desses papéis estão ligeiramente acima dos yields de títulos corporativos com rating BBB/Baa.
  • Como os preferenciais têm menor prioridade no pagamento, eles devem oferecer yields mais altos.

 

Os rendimentos dos títulos preferenciais estão novamente acima dos rendimentos dos títulos corporativos "BBB"

Fonte: Bloomberg, usando dados semanais de 20/06/2025.

 

Além disso, oferecem vantagens fiscais. Muitos pagam dividendos qualificados, tributados a alíquotas mais baixas (0%, 15% ou 20%, dependendo da renda), o que os torna interessantes para contas tributáveis, especialmente para investidores de alta renda.

No comparativo após impostos, os preferenciais com dividendos qualificados podem render mais do que os high yield, com ratings mais elevados.

 


O que considerar agora?

A Charles Schwab continua favorecendo ativos de maior qualidade no curto prazo. Títulos corporativos com grau de investimento ainda oferecem boa relação risco/retorno e devem resistir melhor a uma eventual desaceleração econômica.

Para quem busca um pouco mais de rendimento, os títulos preferenciais fazem sentido, especialmente em contas tributáveis com faixas mais altas de imposto. 

Já os títulos de alto rendimento têm spreads baixos, e a Schwab prefere esperar que esses spreads subam para a faixa de 4,5% a 5% antes de sugerir uma exposição maior.

 


Disclaimer

Esta análise foi produzida originalmente por Collin Martin, em uma pesquisa publicada pela Charles Schwab. A Bankshop LLC não é autora do conteúdo e não se responsabiliza pelas opiniões, projeções ou informações expressas no artigo. Os créditos são inteiramente do analista e da fonte original. Você pode acessar a publicação completa diretamente no site da Charles Schwab Asset Management, clicando aqui.

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Luiza Amaral
Luiza Amaral