Resumo dos Bonds em Maio

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  • 09, Jun, 2025

Alta dos Juros nos EUA Pressiona Títulos de Alta Qualidade, mas Segmento High Yield Brilha


 

O mês de maio trouxe um cenário misto para o mercado de renda fixa global. Enquanto a maioria dos títulos com grau de investimento (Investment Grade – IG) encerrou o mês em queda, os títulos de alto rendimento (High Yield – HY) mostraram desempenho expressivo, aproveitando movimentos específicos de mercado e um ambiente macroeconômico mais volátil.

A análise é da BondBlox, plataforma especializada em dados e negociação de renda fixa. Com base em informações de mercado até 2 de junho de 2025, o relatório destaca que 61% dos bonds denominados em dólar fecharam o mês em baixa (considerando retornos de preço, sem cupons). No entanto, essa estatística mascara uma clara divisão entre os segmentos: 72% dos títulos IG recuaram, enquanto 77% dos bonds HY terminaram o mês no campo positivo.

 

 


 


Política adiada, curva deslocada

O movimento de alta nos rendimentos dos Treasuries dos EUA – que impactou diretamente o desempenho dos títulos corporativos – foi desencadeado pela decisão do presidente Donald Trump de adiar novas tarifas comerciais, abrindo espaço para negociações diplomáticas. Essa sinalização, combinada com dados econômicos estáveis e revisões nas expectativas de cortes de juros pelo Fed, levou o mercado a reprecificar a curva de juros americana.

Segundo a BondBlox, os mercados estavam precificando um corte de 75 pontos-base nas taxas para 2025 no final de abril. Ao final de maio, essa estimativa caiu para cerca de 50 pontos-base.

 


Dados econômicos firmes

A força do mercado de trabalho também influenciou esse reposicionamento. O relatório de empregos (Non-Farm Payrolls) de abril mostrou uma criação de 177 mil postos — bem acima dos 138 mil esperados. A taxa de desemprego permaneceu estável em 4,2%. Paralelamente, a inflação seguiu em moderação: o CPI de abril subiu 2,3% na comparação anual, abaixo da expectativa de 2,4%. O núcleo do CPI veio em linha, com alta de 2,8%.

Setores de manufatura e serviços também apresentaram recuperação, alimentando o discurso do Fed sobre cautela na condução da política monetária. Autoridades do FOMC sinalizaram a necessidade de aguardar os efeitos das políticas comerciais antes de qualquer decisão sobre cortes de juros.

 


Alta dos juros penaliza bonds de maior qualidade

Os títulos mais longos com rating AAA a A- sofreram perdas superiores a 5% no mês, impactados diretamente pelo aumento das taxas de referência. Segundo a BondBlox, emissores como WarnerMedia, Discovery Communications e Temasek lideraram essas quedas dentro do universo IG.

 


High Yield em destaque: fusões, aquisições e estímulos impulsionam mercado

O segmento de High Yield foi impulsionado por eventos corporativos e apoio governamental a determinadas economias. Destaques incluem:

  • Foot Locker, cujos bonds subiram mais de 17% após o anúncio de aquisição pela Dick’s Sporting Goods, em negócio de US$ 2,4 bilhões.
     
  • Lumen Technologies, com alta de mais de 15% após a AT&T concordar em adquirir sua divisão de fibra por US$ 5,75 bilhões.
     
  • Maldivas, que viu seus títulos dispararem após anunciar planos para construir um centro financeiro internacional de US$ 8,8 bilhões em Malé, além de receber apoio financeiro de US$ 50 milhões da Índia.
     

No lado negativo:

  • New World Development (NWD) adiou o pagamento de cupons de seus títulos perpétuos, fazendo seus bonds despencarem quase 30%.
     
  • New Fortress Energy teve queda superior a 28% após apresentar fracos resultados trimestrais em todos os segmentos.
     
  • Ucrânia enfrentou mais pressão nos mercados de dívida com a intensificação do conflito com a Rússia.

 


Emissões ganham ritmo

O mês de maio foi aquecido no mercado primário. De acordo com a BondBlox, a emissão global de bonds corporativos em dólares somou US$ 276 bilhões, 16% acima do registrado em abril. Em relação a maio de 2024, o volume representa um crescimento de 8%.

  • 82% do total veio de emissores Investment Grade.
     
  • 15% vieram de emissores High Yield.
     
  • 3% vieram de emissores sem rating.

 

Na região da Ásia (ex-Japão) e Oriente Médio, as emissões totalizaram US$ 23 bilhões, alta de 15% na comparação mensal, porém queda de 6% na comparação anual.

 


As maiores emissões do mês

Entre os destaques globais, segundo a BondBlox:

  • Siemens liderou com emissão de €7 bilhões em seis tranches.
     
  • HSBC veio logo atrás, com cerca de €7,9 bilhões em operações multimoeda.
     
  • Outras grandes emissões incluíram KfW (US$ 5 bi), Citibank, UPS e novamente a KfW, com tranches de US$ 4 bilhões cada.
     

Na Ásia e no Oriente Médio:

  • Aramco liderou com uma emissão de US$ 5 bilhões.
     
  • Bahrein emitiu US$ 1,75 bilhão em sukuk.
     
  • Westpac, DP World, CCB e Adnoc Murban captaram US$ 1,5 bilhão cada.
     
  • Outras operações relevantes: ICBC (US$ 1,3 bi), Alinma Bank (US$ 1 bi) e Masdar (US$ 1 bi em duas tranches).

 


Conclusão: um mercado cada vez mais seletivo

O mês de maio de 2025 confirmou a tendência de divergência de desempenho entre diferentes segmentos da renda fixa. Em um ambiente de taxas em alta e política econômica ainda volátil, os investidores tendem a buscar oportunidades específicas — como fusões, aquisições e eventos corporativos — em vez de seguir uma abordagem mais ampla.

Para os especialistas da BondBlox, o cenário segue exigindo atenção redobrada à movimentação dos rendimentos soberanos, à postura do Fed e à evolução dos conflitos geopolíticos. Já para os investidores, fica o alerta: nem todos os bonds se comportam da mesma forma — e compreender essa dinâmica pode ser a chave para navegar bem em 2025.

 


Disclaimer

Esta análise foi produzida e publicada originalmente no site da BondBlox. A Bankshop LLC não é autora do conteúdo e não se responsabiliza pelas opiniões, projeções ou informações expressas no artigo. Os créditos são inteiramente do analista e da fonte original. Você pode acessar a publicação completa diretamente no site da BondBlox, clicando aqui.

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Luiza Amaral
Luiza Amaral