Nos últimos anos, os produtos negociados em bolsa de criptomoedas (ETPs, na sigla em inglês) surgiram como uma alternativa prática para quem busca exposição ao bitcoin e a outros ativos digitais, sem precisar recorrer diretamente às exchanges de cripto ou lidar com carteiras digitais. Mas existem muitos tipos de ETPs, cada um com benefícios e riscos.
O lançamento de ETPs de criptomoedas permitiu que investidores operem cripto dentro das corretoras tradicionais, tornando a classe de ativos mais acessível e integrada a plataformas de investimento já conhecidas. Ainda assim, especialistas alertam: nem todo ETP é igual e compreender suas diferenças é essencial para evitar riscos desnecessários.
As criptomoedas subjacentes são relativamente novas e podem estar sujeitas a baixa liquidez e maior risco de perda. Além disso, as criptomoedas sofrem riscos de roubos, golpes e fraudes, além de poderem não disponibilizar divulgações que costumam estar disponíveis para títulos, como informações sobre o emissor, conflitos de interesse, padrões de conta e exigências de capital.
Neste artigo produzido por Emily Doak, Diretora de Pesquisa de ETFs e Fundos de Índice da Charles Schwab, serão abordados os diversos tipos de ETPs cripto disponíveis, com ativos subjacentes que vão desde a própria criptomoeda à vista até valores mobiliários relacionados, como contratos futuros, debêntures conversíveis e ações de empresas ligadas ao setor.
Um ETP é um fundo que investe em uma cesta de ativos, neste caso, criptomoedas ou valores mobiliários ligados a cripto. Assim como os ETFs tradicionais, eles podem acompanhar índices específicos ou ser geridos ativamente por um gestor de portfólio. Suas cotas são negociadas em bolsas de valores em tempo real, incluindo sessões estendidas de pré e pós-mercado.
A praticidade dos ETPs é um dos principais atrativos para o investidor que busca adicionar exposição a cripto em sua carteira, mas ressaltamos a importância do alinhamento da estratégia de investimento antes de realizar essa inclusão. Como lembra Emily Doak, “nem todos os ETPs de criptomoedas são iguais, e é essencial compreender bem o produto antes de investir.”
Atualmente, existem mais de 100 ETPs de criptomoedas ou relacionados a cripto, listados globalmente. Muitos oferecem cobertura de ativos populares como Bitcoin, Ether, Solana, XRP, enquanto existem novas propostas que envolvem, inclusive, meme coins. Essa grande abrangência de áreas do mercado de cripto é um indicador de que a lista de ativos digitais deve permanecer em expansão pelos próximos meses.
Enquanto alguns ETPs detêm ativos digitais como bitcoin diretamente, outros dão exposição por meio de contratos futuros ou derivados. Há ainda fundos com estratégias como inverse (apostar contra), alavancadas, covered call e outras.
Os principais formatos são:
Ao invés de deter a criptomoeda diretamente, esses fundos compram contratos futuros, que são acordos de compra ou venda em uma data e preço futuros. Isso traz um efeito colateral: os preços desses contratos nem sempre acompanham o valor à vista da criptomoeda. Além disso, há o impacto do chamado roll yield, quando o fundo precisa vender contratos que vencem e comprar novos mais longos. Quando os contratos futuros de curto prazo têm preços mais baixos que os de longo prazo, o fundo está "vendendo barato e comprando caro", situação chamada de contango. Quando o oposto ocorre, ou seja, os contratos de longo prazo são mais baratos, chamamos de backwardation.
O resultado do desempenho desses ETFs pode ser significativamente inferior ao da própria cripto.
O preço spot é o preço de mercado atual pelo qual um ativo pode ser comprado ou vendido para liquidação imediata. Nessa categoria, o fundo compra o ativo digital diretamente. Hoje existem mais de 20 listados, com taxas que variam de 0,15% a 2,5%.
Aqui, a custódia é um ponto crítico: enquanto ETFs tradicionais contam com grandes bancos como custodiante, no caso dos ETPs de cripto, geralmente são trust companies ligadas a exchanges. Como ressalta a Schwab, conhecer e confiar no custodiante é essencial antes de investir.
Riscos adicionais incluem:
ETFs multiativos são fundos que combinam cripto com outros ativos como ouro, ações ou títulos públicos. Já os ETFs de opções, assim como o nome sugere, usam opções para tentar limitar perdas ou gerar renda extra (buffer ETFs e covered call funds).
Embora interessantes, esses produtos são complexos e podem não funcionar conforme esperado, além de carregarem riscos de contraparte e liquidez.
Empresas que mantêm grandes reservas em cripto podem emitir debêntures conversíveis. O valor desses papéis depende quase totalmente do desempenho das criptomoedas em seus balanços, o que amplia tanto o potencial de ganhos quanto os riscos de crises de liquidez ou insolvência. Além disso, muitas vezes esses títulos são negociados com prêmio sobre o valor dos ativos, o que pode gerar perdas mesmo que a cripto suba.
Esses fundos investem em ações de empresas do setor, como mineradoras, exchanges, companhias de blockchain e negócios de cripto. O desafio, segundo Doak, é que muitos desses papéis refletem também outros ramos de negócios, e não apenas a exposição cripto.
Diferentemente dos ETPs tradicionais, esses trusts funcionam como fundos fechados e não permitem criação ou resgate diário de cotas. Geralmente são acessíveis a investidores qualificados, mas costumam negociar com prêmios ou descontos elevados em relação ao valor patrimonial (NAV) e têm taxas superiores a 2%.
A evolução do mercado de ETPs de criptomoedas é rápida e constante, com a aprovação de novos produtos sendo uma realidade para os próximos meses. Todavia, assim como outros tipos de investimento, é necessário entender as vantagens e desvantagens de cada estrutura e das próprias criptomoedas, para construir uma estratégia segura e inteligente.
Diferentemente dos fundos mútuos, ETPs são comprados e vendidos a preços de mercado, o que pode significar pagar um prêmio (pagar mais) ou negociar com desconto (vender por menos) em relação ao valor real dos ativos. Além disso, fatores como spreads de compra e venda, liquidez e taxas de gestão (normalmente mais altas do que em ETFs tradicionais) devem ser levados em consideração.
A recomendação final da Schwab é clara: entenda bem o produto, os custos e os riscos antes de investir. Criptomoedas são voláteis, e os ETPs que dão exposição a elas podem ser igualmente complexos.
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Esta análise foi produzida originalmente por Emily Doak, em uma pesquisa publicada pela Charles Schwab. A Bankshop LLC não é autora do conteúdo e não se responsabiliza pelas opiniões, projeções ou informações expressas no artigo. Os créditos são inteiramente do analista e da fonte original. Você pode acessar a publicação completa diretamente no site da Charles Schwab Asset Management, clicando aqui.
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